terça-feira, 2 de junho de 2009

Apresentação

A vida de um brasileiro em Nova York na visão de quem teve o táxi como primeira profissão na cidade que, na época, era considerada uma das mais violentas do mundo.

Nos posts abaixo, você terá mais alguns detalhes deste romance - parceria entre a Nanquin Editorial e a Funalfa Edições.

Para ir ler o release direto no site da editora, clique AQUI.

Ficha técnica

ISBN 978-85-7751-038-2
Páginas: 272
Formato 14x21
Editoras: Nankin Editorial - Funalfa Edições
Preço: R$ 30,00

Vendas:
Atendimento:
NANKIN EDITORIAL – Rua Tabatingüera, 140, 8o andar, cj. 803 – Centro – São Paulo
CEP 01020-000
Tel. (0**11) 3106-7567, 3105-0261 – Fax (0**11) 3104-7033
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vendas@nankin.com.br


Com o autor:
Michel Arbache
msaba@ig.com.br


Release

Numa narrativa surpreendente, este romance começa nos anos setenta, quando o autor descreve sua conturbada infância marcada pelo consumo de drogas do irmão mais velho. Mas, em vez de enveredar pelo lugar-comum do estrito lirismo sugerido pelo drama familiar, há também uma tentativa de se equacionar, com dose sarcástica, as motivações do irmão; o porquê dos seus curiosos contrastes ideológicos — desde a “fase hippie”, passando pelos graves motins comportamentais até a decisão de partir em busca do chamado “sonho americano”.

Em 1986, o autor decide ir ao encontro do irmão em Nova York, onde passa a viver a sua própria aventura — como o fato de, sem saber inglês, virar taxista numa das maiores e mais violentas cidades de então. Contudo, Nova York reservaria para o narrador a realidade mais perversa: um trágico reencontro com a sua própria infância. O autor então se flagra refém não só da fantasmagórica entidade psíquica que o aterrorizara no passado, mas também dos muitos inimigos – os visíveis e os invisíveis – que tal “entidade” fizera por lá. Desta forma, Nova York passa a significar um suntuoso cenário para o drama que permeia toda a obra.

Os detalhes da profissão de taxista em Nova York; a vida de um imigrante brasileiro e sua convivência com a colônia nas áreas suburbanas mais baratas é também um convite para que o leitor mergulhe numa realidade raramente conhecida daqueles muitos compatriotas que têm curiosidade em saber como é a vida fora do Brasil.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Prólogo

Cheguei da aula ao final da tarde e percebi, pela já tradicional
tensão silenciosa da casa, que Ronaldo tinha aprontado mais
uma. Desta vez, foram parar no lixo todos os nossos mantimentos:
feijão, arroz, trigo, macarrão... A maninha Sula foi quem testemunhou
toda a cena. Disse ela que o irmão mais velho, após o feito,
voltou-se “com cara de dopado” pra cima da mamãe e berrou:
— Isso é pra tu aprender, filha-da-puta!!!
Nunca neguei o autodidatismo da sua oratória que lançava
mão, por exemplo, do “tu”, tão raro em nossa região, nas vezes
em que desejava distanciamento psicológico do interlocutor. Pois
que, em sua lógica, tal pronome, além do ímpeto sonoro próprio
das consoantes explosivas — tu! —, sugeria também uma esterilização
no trato com a pessoa — esta assim reduzida ao mínimo
fônico que incorporava o mínimo interpessoal.
Era só o começo... Reza também a história familiar que, um
dia, o nosso primeiro carro zerinho apareceu banhado de ácido
sulfúrico. Na época, o que mais doía era ter que sair mentindo
para as pessoas; dizer que aquilo era coisa de moleque.

***

Enquanto o taxista chinês guiava pela Northern Boulevard, no
banco de trás eu seguia sozinho — silenciosamente sozinho — remontando
aqueles flashes ruins que, um dia, sonhei esquecer. Mas
não deu. Naquele momento era providencial pensar nisso; providencial
até como forma de afugentar qualquer peso na consciência
pelo que eu acabara de fazer...
Mas, enfim, ao menos eu voltara a notar graça até naquelas
imagens plasticamente pouco inspiradoras: fossem as luvas pretas
do chinês que deixavam desnudas suas falanges distais; ou fossem
as nuvens cinzentas que sangravam gotículas de chuva naquele
início de outono nova-iorquino.